Tucano – Milhares de pessoas vão às ruas pedirem o fim da violência contra as mulheres
Como está dito no próprio manifesto, a passeata foi o primeiro passo e
todos querem mais do que justiça pelas mulheres que já morreram, mas,
principalmente, respeito pelas mulheres que estão vivas.
Tucano amanheceu diferente na última sexta-feira, 15. Um tom laranja
tomou conta da histórica Praça da Caixa D’água e encheu de movimento as
principais avenidas do centro da cidade. Mulheres, homens, de todas as
idades, caminharam em reivindicação ao fim da violência contra a mulher,
uma violência sorrateira que não escolhe cor, não escolhe condição
econômica nem orientação sexual.
Cada passo dado tinha como objetivo provocar a sociedade tucanense e o
poder público para a criação de espaços de denúncia, ajuda e proteção,
até porque como bem dizia uma das faixas ostentadas no percurso,
“sociedade que se cala é sociedade omissa”.
Puxado pelo Coletivo Por um Futuro Laranja, o movimento reuniu muita
gente. O laranja predominante, a propósito, que aguçou a curiosidade de
muitos, por ser a cor escolhida pelas Nações Unidas para evocar a
solidariedade às mulheres, sejam adultas, adolescentes ou crianças,
vítimas da violência no mundo inteiro, além de também ser uma cor que
retrata a energia necessária para que elas superem as situações
violentas, explicava um manifesto distribuído aos participantes e ao
gestor do município durante a passeata.
Recentes acontecimentos em Tucano contribuíram para suscitar este dia
histórico na cidade. Mas a luta é muito mais ampla, alerta a
organização. A professora Valquíria Lima da Silva, membro do Coletivo,
lembra que a violência contra a mulher não é um privilégio dos tempos
modernos. “São cinco séculos de educação machista. Uma sociedade que se
funda, que tem na base do seu alicerce a violência contra a mulher, não
desenraíza nem desconstrói isso tão rapidamente. É preciso que todos nós
demos as mãos e os braços na luta contra esse problema histórico da
sociedade brasileira”, pontua.
No entanto, defende Valquíria, a mudança estruturante só virá depois
que o tema adentrar as salas de aula de forma enérgica. “Como educadora,
eu acredito que nós precisamos ocupar as escolas. É preciso que os
currículos escolares comecem a traduzir essa insatisfação, essa agonia
que é a violência contra a mulher, para que a gente possa reeducar as
nossas crianças e os nossos jovens, até porque desconstruir é mais
difícil que construir, principalmente quando essa construção já tem 500
anos”.
Dona de casa Orlene Pimentel, 52, compreendeu a importância do
momento e atendeu ao chamado: foi pra rua! O sentimento dela se
multiplicava em centenas de corações que pulsavam esperançosos dentro da
passeata. “Eu sou totalmente a favor da luta contra a violência contra a
mulher, porque mulher merece respeito, merece carinho e isso não pode
acontecer. Violência nunca, nem psicológica, nunca, jamais violência
contra a mulher. Eu vim com todo o meu carinho, com todo o meu amor”,
relata, orgulhosa, e vestindo, como todos por ali, a camisa do
movimento.
O movimento defende a criação de alguns espaços públicos específicos
nos municípios, como delegacias especializadas, centros de referência,
casas de passagem e profissionais capacitados para atendimento a
mulheres em situação de violência, e os classificam como essenciais para
que se possa avançar na luta e garantir às mulheres o direito à vida.
Como está dito no próprio manifesto, a passeata foi o primeiro passo e
todos querem mais do que justiça pelas mulheres que já morreram, mas,
principalmente, respeito pelas mulheres que estão vivas.
Por: Josevaldo Campos/ Fotos: Ricardo Luiz, Óieu e Retratos Avessos
Tucano – Milhares de pessoas vão às ruas pedirem o fim da violência contra as mulheres
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