PL que regulamenta pagamento do Fundef para professores é aprovado na Alba
Professores receberão 80% dos precatórios; mesmo com protestos, juros reivindicados pela categoria não entraram no projeto
Foi
aprovado, nesta quarta-feira (21), em sessão extraordinária na
Assembleia Legislativa do Estado da Bahia (Alba) o Projeto de Lei que
regulamenta o pagamento do dinheiro do Fundo de Desenvolvimento da
Educação Fundamental (Fundef) para profissionais de educação. Segundo o
presidente da Casa, o deputado Adolfo Menezes, a categoria receberá 80%
dos precatórios - inicialmente o valor destinado aos professores seria
de 60% -, os demais 20% serão encaminhados para melhorias estruturais de
escolas no Estado.
"O primeiro
projeto que chegou à Casa, há uns 15 dias, era de 60% e foi aumentado
para 80%. A dívida que estava parcelada em oito anos, o governador
propôs pagar de uma só vez. Então houve esse avanço. Claro que é natural
que se os professores quiserem, além desse avanço que o governador deu
para compensar, pleiteiem e corram atrás de seus direitos", disse.
No
painel da Casa, não foram mostrados os números que indicariam quantos
deputados votaram a favor e quantos foram contra a aprovação do PL.
Procurada, a assessoria da Alba informou que ainda não tem esse
detalhamento sobre a decisão favorável ao projeto. Os professores
reivindicavam pelo pagamento integral dos precatórios com a inclusão dos
juros de mora.
No entanto, o projeto
aprovado nesta quarta não inclui o pleito da categoria. Ainda de acordo
com o deputado Adolfo Menezes, o pagamento dos precatórios com correção
poderia acarretar em problemas jurídicos para o Estado e relacionados
ao período eleitoral. "O governador me disse, pessoalmente, que não
poderia pagar [os juros] para não acarretar em uma improbidade
administrativa. Ele não quer ter problema futuramente. Então já foi um
grande ganho esses 80%. Se os professores acharem que têm mais direitos,
a Justiça está aí", completou.
Representando
Sandro Régis, deputado do União Brasil e líder da oposição na Alba,
Tiago Correia, do PSDB, criticou a justificativa de que a inclusão dos
juros no pagamento seria uma manobra para favorecimento eleitoral. "A
gente se espanta com argumento do governo de que ele não pode acatar
aquilo que é direito dos professores para que não seja interpretado como
forma de obter favorecimento em período eleitoral. Os precatórios são
um direito, não uma gratificação", fala.
Protestos
A
votação, que contou com a presença de poucos deputados em esquema
presencial e a maior parte deles em votação online, começou com
protestos. Em frente ao prédio da Alba, centenas de educadores se
reuniram para reivindicar o pagamento dos precatórios de maneira
integral, com juros e correções devidas. Isso porque o projeto, enviado
pelo governador Rui Costa, tem um adendo que reduz o valor a ser pago: o
não pagamento dos juros.
Por lei, o
governo era obrigado a pagar pelo menos 60% dos precatórios. No projeto
enviado para a Assembleia, o pagamento seria de 80% destes. No entanto,
como o governo da Bahia cobrava à União o montante de dinheiro devido
pelo Fundef desde 2002, a ausência dos juros faria o pagamento
corresponder 26,5% do que os profissionais têm direito.
Professora
há 25 anos, Ana Maria Santos, 50, foi ao Centro Administrativo da Bahia
(CAB), onde fica a Alba, para se unir aos outros professores
manifestantes. Ela afirma que o projeto sem os juros é um desrespeito
contra a classe.
"Estamos aqui com
professores de várias regiões do estado reivindicando o que foi definido
em assembleia. [...] O pagamento sem juros é um descumprimento já que
ele mesmo [Rui Costa] tinha dito em entrevista que ia pagar conforme a
lei. Então, se a lei indica com juros, é assim que tem que ser", afirma
ela.
Outro presente no protesto foi o
professor Weslen Moreira, 50, que atua há 20 anos na educação. Além de
pedir o pagamento integral, ele afirmou que a classe de professores se
organiza para ajuizar a situação caso o pagamento sem juros seja
aprovado.
"Entendemos que a proposta
não contempla o que devido porque temos ciência do direito que há sobre
os juros dos precatórios, a gente tem que receber. Se aprovar sem, vamos
ajuizar a questão para ir atrás do que é direito", afirma ele, que é
diretor do departamento jurídico da APLB.
Em favor dos juros
No
início da sessão que definiu a aprovação dos projetos, os deputados
oradores se mostraram alinhados aos pedidos dos professores. Olívia
Santana, deputada do PCdoB e que compõe a ala de apoio ao governo, votou
pela aprovação do projeto, mas disse que é preciso agir para garantir o
pagamento dos juros.
"É importante
ser votado esse ano para avançar. É preciso garantir o pagamento as
pessoas estão precisando desse recurso. Os professores precisam que o
governo pague e garanta que esse dinheiro caia nas contas. Os
professores têm liberdade de judicializar. Em negociação com o líder e
em diálogo com o governador, conseguimos mudar o projeto original que
chegou. Mas a gente não conseguiu convencer o governo a garantir o
pagamento dos juros de mora", disse Olívia logo após a votação que
aprovou o pagamento dos precatórios.
"A
gente aprovou o projeto possível e tem de continuar apoiando o
movimento de busca pelas vias judiciais para o pagamento do juros. É
importante destacar que um dos resultados da negociação foi fazer com
que essa lei só tenha validade para esta parcela. E que o próximo
governo, sem essa situação de ser o último ano de gestão e na boca de
uma eleição, possa legislar e trazer uma nova matéria garantindo um
pagamento integral de tudo aquilo que os professores têm direito",
completou a deputada.
Justiça
Segundo
Marilene Betros, coordenadora da APLB em exercício, a categoria irá
recorrer na justiça pelo direito ao pagamento dos juros. "O projeto de
lei foi aprovado e na compreensão do governo, há um impeditivo para
pagar com juros. Na compreensão do nosso jurídico, não há. Outros
estados pagaram com juros e correção monetária", disse Marilene.
Isso
não será motivo, no entanto, para que os professores não retornem das
paralisações realizadas em protesto ao PL. "Retornaremos à sala de aula e
manteremos a mobilização e a categoria informada", diz.
A
categoria alega ainda que vai aguardar os pagamentos para confirmar que
correção não foi inclusa. "A categoria aprovou que, caso não fosse pago
com juros, nós entraríamos na Justiça sem cobrar nenhum honorário para
os associados. Vamos aguardar o desfecho. Amanhã deve ser publicado o
projeto, na sexta feira o governo deve publicar a regulamentação e
acompanharemos até o pagamento", finalizou.
A sessão foi transmitida ao vivo pelo canal da Alba.
Fonte: Correio*
PL que regulamenta pagamento do Fundef para professores é aprovado na Alba
Reviewed by Aelson fotos
on
16:36
Rating:

Nenhum comentário