Consequências da Seca II – Vaqueiro trabalha até 17 horas por dia para não deixar o gado passar fome neste período
O Calila Noticias realiza uma série de reportagens sobre as
consequências e os prejuízos causados pela seca nos territórios do sisal
e Jacuípe. Esperando logicamente as chuvas, mas enquanto não chegam,
mostra para o leitor a triste situação. Esta segunda reportagem conta o
sofrimento de um vaqueiro para alimentar o gado quando a comida está
cada vez mais dificil
A seca é um fenômeno ecológico que se manifesta na redução da produção
agropecuária, provoca uma crise social e se transforma em um problema
político e as consequências mais evidentes são a fome, a desnutrição, a
miséria e a migração para os centros urbanos, o conhecido êxodo rural.
Quem conhece essa realidade é o vaqueiro Cristovam Jesus Barreto, 32
anos, conhecido por Nego. Ele trabalha a um ano na Fazenda Pedra Branca,
Conceição do Coité, município localizado no território do sisal, na
Bahia e segundo ele ainda não viu uma boa chuva nesse período.
“Desde que cheguei aqui, prece que vi uma ou duas chuvas fina e
passageira, daquela que faz o capim ficar verde, mas não cresce e morre
logo”, contou Nego, enquanto mostrava uma extensa área da propriedade
onde antes eram grandes pastos e hoje tudo deserto. “Eu não cheguei a
conhecer, mas minha patroa conta que tudo isso era capim. Ela tem tanta
tristeza em vê essa situação que fica pouco tempo aqui, pois se
emociona”, conta o vaqueiro.
Na rotina diária, Nego disse que levanta as 03h da madrugada, vai
para o curral tirar leite e fica por lá até as 06h, depois começa a
intensa luta de alimentar os animais a base de ração e mandacaru e
transporta água para o curral e isso vai até às 20h. “Faço isso com
prazer de domingo a domingo, pois, tenho que cuidar dos bichos, não
podemos deixa morrer. É uma missão que escolhi”, falou o vaqueiro a
beira de um tanque cuidando de uma vaca caída.
Há exemplo de Nego e da esposa Iran, o filho Maicon, 09 anos, Denílson,
12 e Gabriela, 14, de quem é padrasto, estão sendo criados no meio rural
e na luta com gado e vivenciando uma seca nunca vista por eles. Os três
estudam pela manhã no Povoado de Almas, acordam bem cedo, dentro do
possível, ajudam na “labuta de casa”, vão para escola e a tarde, dentro
das suas limitações de criança e pré- adolescentes, buscam ajudar neste
momento de muita dificuldade por causa da estiagem, “mas ajudam sem
atrapalhar seus estudos”, ressalta Nego.
Nego relatou que o custo para manter a fazenda é muito alto e sua
produtividade cai a cada semana, ou seja, a média era 80 litros de leite
diário e hoje só produz 50. “Se aquela vaca (caída) tivesse normal,
aumentava mais 07 litros, pois ela é boa de leite”, garantiu o peão.
Natural da região do Distrito de Salgadália, Nego contou que cria umas
cabras e ovelhas e gasta mais de R$ 400 por mês de ração, recurso
retirado do salário que ganha na Fazenda Pedra Branca. Homem de muita fé
em Deus, Nego disse acreditar nas coisas que os mais velhos falam. “Se
entrar a quaresma sem chover, geralmente passa 40 dias sem chuva”, falou
preocupado. Disse também que os mandacarus não estão fluorando,
lembrando Luiz Gonzaga ao cantar Xote das meninas que a letra dizia
“mandacaru, quando fulora na seca, é o sinal que a chuva chega ao
sertão”.
Seca prolongada – A Bahia enfrenta a seca mais longa
desde que começaram as medições pluviométricas. Desde 2010, a região
está com chuvas abaixo da média. A região é naturalmente vulnerável às
variações pluviométricas e os registros históricos e, mais recentemente,
os dados do volume de chuvas mostram que foi assolada pelo menos 84
vezes por períodos de estiagem prolongada.
Redação CN
Consequências da Seca II – Vaqueiro trabalha até 17 horas por dia para não deixar o gado passar fome neste período
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