Ministério Público Federal no Ceará pede suspensão do Enem
O procurador da República no Ceará, Oscar Costa Filho, pediu nesta
quarta-feira (2) a suspensão do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem),
programado para ocorrer no sábado e domingo (5 e 6).
O pedido tem como base o adiamento da prova para mais de 191 mil
candidatos devido as ocupações de locais onde a avaliação é aplicada.
Para o procurador do Ministério Público Federal no Ceará, as provas em
diferentes datas, com temas diferentes da redação, fere a isonomia da
seleção.
"O que se pede na ação é que haja uma alteração, que a Justiça determine
uma alteração no calendário [de aplicação das provas] de modo que o
novo calendário preserve uma data em que todos os alunos vão fazer a
mesma redação, ou seja, uma unificação do calendário no dia da prova de
redação", explica Oscar Costa Filho.
A ação será julgada pelo juiz Ricardo Cunha Porto, titular da 8ª Vara da
Justiça Federal no Ceará. Caso a Justiça aceite os argumentos do
procurador, a mudança no calendário do Enem é válida para todo o Brasil.
Devido à urgência, o pedido deve ser julgado até sexta-feira (4), de
acordo com a Justiça Federal.
Procurador Oscar Costa Filho, em edições passadas do Enem, já havia
feito outros pedidos de cancelamento do exame (Foto: TV Verdes Mares/
Reprodução).
"O MEC aplica a teoria da resposta ao item (TRI) na prova objetiva, o
que equilibra o nível de dificuldade da prova para todos os candidatos, o
que significa que mesmo os que fazem uma segunda prova com questões de
conteúdo diferente, elas têm em comum o mesmo grau de dificuldade.
Nesse caso, o princípio da igualdade está preservado. O mesmo não se dá
com a redação, porque tendo temas diferentes você não tem como dizer que
o nível de dificuldade seja o mesmo", argumenta o procurador Oscar
Costa Filho.
Como opção para evitar a suspensão do Enem, o procurador sugere na ação
que o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio
Teixeira (Inep) adie a aplicação da redação para todos os candidatos, e
não só para os 191 mil que farão exame onde há ocupações.
“Peço que o juiz determine que o Inep adote as providências. Aí ele pode
adotar o que ele quiser. Ele pode fazer a prova objetiva e deixar só a
redação para fazer depois, todo mundo junto, ou pode levar todo mundo
para os dias 3 e 4 (de dezembro)”, finaliza.
MEC
Em nota, o Ministério da Educação (MEC) afirma que solicitou à Advocacia
Geral da União que apresente para a Justiça Federal os fatos que
demonstram o grave equívoco na argumentação apresentada pelo procurador
Oscar Costa Filho.
Segundo o MEC, “todo ano, o Enem realiza dois tipos de prova e,
consequentemente, duas redações. As provas do Enem têm o mesmo princípio
da equivalência garantindo igualdade de condições a todos os
inscritos”. Por fim o MEC diz lamentar “ qualquer tentativa que venha
gerar insegurança e tumultuar um Exame que afeta a vida de 8,6 milhões
de estudantes e seus familiares”.
Na terça-feira (1º), o Inep anunciou o adiamento do Enem 2016 para 191
mil alunos. Eles fariam a prova em 304 escolas ou universidades que
foram alvo de ocupações estudantis e ainda seguiam ocupadas na manhã de
terça-feira. No dia 19 de outubro, o ministro da Educação, Mendonça
Filho, havia dado um prazo para a desocupação das escolas até as 23h59
de segunda-feira (31).
Os estudantes que tiveram o Enem adiado já começaram a ser avisados por
SMS e e-mail. Eles deverão fazer a prova do Enem nos dias 3 e 4 de
dezembro.
Outras ações contra o Enem
O mesmo procurador já havia pedido o cancelamento do Exame em 2011,
quando houve vazamento de um pré-teste com mais de 20 questões aplicadas
na prova.
Em 2012, Oscar Costa Filho pediu para cancelar os efeitos da nota de
redação do Enem no Sistema de Seleção Unificada (SiSU). Para o
procurador “o desequilíbrio matemático decorrente da associação entre
avaliações submetidas a tratamento estatístico (provas objetivas), e
avaliações desprovidas dessa qualidade, as quais assumem valores
absolutos (provas de redação) frustra o dever de tratamento isonômico
que deve ser dispensado aos candidatos”. O pedido foi negado pela
Justiça.
Alunos afetados pela mudança
O Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira
(Inep) divulgou na terça-feira os mais de 300 locais onde não haverá o
exame. A medida afeta 191.494 dos 8,7 milhões de inscritos para o Enem.
Confira os locais que serão afetados pela mudança no calendário do Enem.
As provas adiadas serão realizadas nos dias 3 e 4 de dezembro, segundo o
Inep. Participantes serão avisados por SMS sobre o adiamento.
Entretanto, não foi informado quando os novos locais de prova serão
divulgados.
Fonte: G1
Ministério Público Federal no Ceará pede suspensão do Enem
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