Ao som do berrante, corpo de vaqueiro é sepultado em Conceição do Coité
Cerca de 150 vaqueiros montados e segurando uma faixa puxaram o cortejo.
A grande quantidade de pessoas, principalmente familiares e amigos do
vaqueiro José Andrade Azevedo da Silva, que chegou no Hospital Regional
de Conceição do Coité no fim da tarde de terça-feira,25, em estado
gravíssimo e vindo a óbito minutos depois, vítima de coice de uma mula,
ao tomarem conhecimento do incidente ocorrido com o mesmo, numa fazenda
na região do distrito de Salgadália, era um prenúncio do que seria seu
velório e o sepultamento.
Por volta das 16h40 desta quarta,26, o cortejo fúnebre deixou a
residência na presença de centenas de pessoas, inclusive vaqueiros que
montaram em seus animais e foram prestar as últimas homenagens a
“Dadinho Vaqueiro”, passando pelo centro comercial e chegou até o
cemitério do centro da cidade, onde ao som do berrante e o caixão
erguido para o alto emocionou a todos.
O presidente da Associação dos Vaqueiros de Conceição do Coité, Áureo
de Oliveira Carneiro, “Aurinho de Juíca” como é conhecido, em alta voz
fez questão de falar para o público presente sobre a pessoa, o
profissional e o pai de família que foi José Andrade, “homem digno,
dedicado, que perdeu a vida em pleno trabalho. Estamos tristes por
sepultar um cidadão que o Brasil precisa, vaqueiro, filho de vaqueiro e
deixa seu filho também com a função de vaqueiro, e é para essa classe
que a gente vem buscando dias melhores. Não foi nenhuma festa, mas
mostramos a união e a força, depois de pedir autorização da família,
reunimos em poucas horas cerca de 150 vaqueiros, que juntando as outras
pessoas entre amigos e parentes tivemos uma quantidade de
aproximadamente 600 pessoas no adeus a um guerreiro”, exaltou o
presidente.
Áureo (camisa cinza) lamentou a forma como Dadinho foi morto, segundo
ele, por um animal que o próprio acompanhou o crescimento, amansou,
trabalhava com essa mula, inclusive já tinha realizado praticamente todo
serviço na tarde de terça-feira, quando desceu do animal e circulava
por dentro do curral quando foi surpreendido pelo violento coice.
Aurinho lembrou que recentemente o Senado
aprovou a profissão de vaqueiro, cuja tradição tem a idade do Brasil,
449 anos, e “precisa ser mais valorizada, e desejo, bem como todos os
novos profissionais, que os patrões valorizem esses destemidos homens,
que dizem que sabem do perigo, e quando vestem o gibão, não sabem se
chegam em casa vivos. Não sei se ele (Dadinho) teve a satisfação de vê a
assinatura de seu patrão na carteira, se sim parabenizo a atitude do
fazendeiro, se não, que os herdeiros corram atrás que é direito deles”,
concluiu Áureo.
Dadinho pertencia a uma família tradicional
em Conceição do Coité, cujos irmãos sempre trabalharam em órgãos,
instituições e entidades diretamente voltados para o povo, a exemplo do
enfermeiro Luiz Carlos que abraçou o gibão de couro usado pelo irmão e
colocado sobre o caixão, como se ali ele estivesse, Ivonte que serve a
Secretaria Paroquial a muitos anos, Elizângela ex-chefe da 26ª Ciretran
de Conceição do Coité e atualmente exerce a função de chefe de gabinete
do prefeito Assis.
Dadinho deixa viúva e quatro filhos.
Por: Raimundo Mascarenhas
Ao som do berrante, corpo de vaqueiro é sepultado em Conceição do Coité
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