Caminhoneiros desbloqueiam estradas, mas seguem mobilizados
Após
interditarem rodovias em ao menos 15 estados, os bloqueios de
caminhoneiros foram “controlados”, informou o Ministério da
Infraestrutura nesta quinta-feira, 9. As manifestações da categoria nas
vias, no entanto, permanecem. As ações acontecem em continuidade aos
atos antidemocráticos de apoiadores do governo de Jair Bolsonaro desde o
feriado de sete de setembro,
No
segundo dia consecutivo, a mobilização dos caminhoneiros acontecia,
apesar de um áudio enviado às lideranças pelo próprio presidente Jair
Bolsonaro, pedindo o fim dos atos por receio de que os bloqueios agravem
a inflação e a já débil situação econômica do país. Na gravação,
Bolsonaro diz que a ação "atrapalha a economia" e "prejudica todo mundo.
"Fala
para os caminhoneiros aí que [eles] são nossos aliados, mas esses
bloqueios aí atrapalham a nossa economia. Isso provoca desabastecimento,
inflação, prejudica todo mundo, em especial os mais pobres. Então, dá
um toque nos caras aí, se for possível, para liberar, tá ok? Para a
gente seguir a normalidade", diz Bolsonaro na gravação.
Na
manhã desta quinta, representantes da categoria se reuniram com o
presidente e condicionaram a desmobilização das manifestações a um
encontro com o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG). Segundo
um representante do grupo ouvido pelo jornal O Globo, Bolsonaro não
pediu que eles cessassem a paralisação.
“A
gente estabeleceu uma pauta de entrega de um documento ao senador
Rodrigo Pacheco e até o momento não tivemos êxito nisso. (...) Estamos
aguardando sermos recebidos. Até que isso seja realizado estamos
mobilizados em todo o Brasil” disse Francisco Dalmora Burgardt, o Chicão
Caminhoneiro, ao jornal carioca.
"Bolsonaro
não nos pediu nada", disse o caminhoneiro. "Como nós estamos
mobilizados aqui, aproveitamos a oportunidade para estar com o
presidente, que, diga-se de passagem, foi muito cordial", completou.
O
ministro da Infraestrutura, Tarcísio de Freitas, estava presente na
reunião. Havia expectativa de que o ministro falasse à imprensa sobre o
encontro, mas os deputados Bibo Nunes (PSL-RS), Carla Zambelli (PSL-SP) e
Major Vítor Hugo (PSL-GO) foram escalados.
Zambelli
disse que o presidente não tem controle sobre as manifestações, mas
mostrou preocupação com os "mais vulneráveis" por causa das
paralisações.
"Aquilo
que vocês ouviram no áudio de ontem e que o Tarcísio soltou no vídeo
não mudou nada. Não cabe ao presidente decidir o que eles fazem", disse
Zambelli.
Desmobilização
Estacionados
desde a última terça-feira na Esplanada dos Ministérios, em Brasília,
cerca de 40 caminhões deixaram o local nesta quinta-feira. De acordo
com a Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal (SSP/DF),
ainda está sendo negociada a retirada do restante dos veículos e
estruturas da região central de Brasília.
“Na
madrugada desta quinta-feira, caminhões que estavam estacionados na
Esplanada começaram a deixar o local e parte das estruturas começou a
ser desmontada. A operação segue em andamento”, afirma a SSP em nota.
Ações
As
manifestações chegaram a ser registradas em 16 estados. Algumas
rodovias começaram a ser desbloqueadas pela manhã. Em São Paulo, as
estradas foram liberadas, mas os manifestantes seguem nos acostamentos.
Vias foram liberadas em Minas Gerais, Rio de Janeiro, Espírito Santo e
Bahia. Em Santa Catarina, um grupo bloqueia a saída de refinaria.
Não
há apoio formal de entidades da categoria às manifestações. Os
motoristas são alinhados politicamente ao governo ou ligados ao
agronegócio. Os bloqueios começaram na quarta-feira, 8, de manhã com
focos em Santa Catarina, Paraná e Espírito Santo, e se expandiu para 16
estados até a madrugada de quinta. Os caminhoneiros dizem que a
manifestação acontece até a meia noite de hoje.
Fonte: Cássio Santana com Agências / Foto: Evaristo Sa / AFP
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