Sistema eleitoral continuará com riscos de fraudes sem voto impresso auditável, diz especialista
A
 Câmara dos Deputados derrubou a proposta do voto impresso auditável, na
 última terça-feira (10). No entanto, especialistas alertam que a atual 
tecnologia das urnas é ultrapassada e o sentimento de segurança 
“panfletado” pelo tribunal encoberta, justamente, a principal ameaça ao 
sistema eleitoral: a possível manipulação dos resultados.
É
 o que alerta o especialista em Criptografia e Inteligência Artificial e
 coordenador do Fórum do voto eletrônico, Amílcar Brunazo. Os softwares,
 as memórias, os bancos de dados, os sistemas de transmissão são todos 
eletrônicos e digitais. Eles “comandam” o voto desde a manifestação do 
eleitor na urna até a divulgação dos resultados e ainda são usados na 
fiscalização dos números. Tudo isso sem auditagem, como alerta o 
especialista.
Mas
 se o sistema eletrônico do TSE for reprogramado para fraudes ou sofrer 
ataques de hackers, por exemplo? Nestes casos, os programas da urna de 
aferição de resultados, supostamente burlados, seriam responsáveis em 
auditar os números gerados por eles mesmos?
“O
 problema não é saber se houve ou não fraude. Não dá para auditar o 
sistema (do TSE). Se houver fraude, não vai descobrir”, explica Amílcar 
Brunazo.
As
 dúvidas sobre a segurança da urna eletrônica levaram o matemático 
americano, Ronald Rivest, ganhador do prêmio Turing, em 2002, a 
desenvolver o Princípio de Independência do Software em Sistemas 
Eleitorais.
A
 teoria incentiva o voto eletrônico auditável, com sistema de aferição 
de resultados separado do eletrônico, de forma analógica, ou seja, 
prevendo a emissão de comprovante físico ao eleitor.
O
 sistema foi amplamente discutido no mundo porque colocou em “xeque” os 
modelos totalmente eletrônicos de votação semelhantes ao sistema 
brasileiro. Países como Estados Unidos, Rússia, Canadá, Bélgica e 
Argentina, por exemplo, abandonaram as urnas eletrônicas 100% digitais e
 adotaram o voto auditável por meio de comprovante físico, após a 
publicação do estudo. O Brasil é o único país que ainda usa máquinas DRE
 de 1ª geração.
“No
 resto do mundo, essa questão já foi resolvida. Tem de ter voto impresso
 por um motivo muito simples: quando o eleitor vota, na tela aparece o 
voto. Ele [voto] está gravado em uma área da memória da urna. Depois que
 o eleitor confirma, o voto é gravado em outra área da memória, arquivo 
de registro digital do voto. Como o eleitor vai saber que o voto foi 
gravado? Você não pode ver que foi gravado”, afirma Brunazo.
Oportunidade perdida
A
 Câmara dos Deputados teve a oportunidade de contribuir para aumentar a 
segurança do sistema eleitoral do País, nesta terça-feira (10), quando o
 plenário da Casa votou a PEC 139/2019.
A
 proposta previa a implementação do voto auditável, com emissão de 
comprovante impresso para auditagem e recontagem; no entanto, caiu por 
229 votos contrários e somou apenas 218 a favor. A PEC precisaria de 308
 votos favoráveis para continuar a ser discutida no Congresso Nacional.
Durante
 a sessão de votação, a autora da PEC, deputada federal Bia Kicis – 
PSL/DF lembrou que a matéria tinha relevância para o País acima de 
qualquer discussão política partidária.
“Essa
 é a PEC dos brasileiros que querem transparência e segurança nas 
eleições. O que nós queremos aqui é que o eleitor brasileiro seja 
tratado com o mesmo respeito que o eleitor de outros países 
democráticos”, clamou Bia Kicis, deputada federal – PSL/DF.
A
 deputada Caroline de Toni – PSL/SC ressaltou, ainda, que o tema foi 
convergente na Câmara dos Deputados porque em outras oportunidades, 
quando o voto auditável foi discutido na Casa, líderes de todos os 
partidos se colocaram a favor da aprovação da proposta. No entanto, o 
clima atual de embates políticos entre a base governista e a oposição 
prejudicou o debate.
“Estranhamente,
 apenas porque o presidente da República apoia essa pauta, a lisura e a 
transparência nas eleições, parece que, agora, essa pauta não é 
importante para a Democracia brasileira”, lembrou a deputada.
A
 PEC 135 foi apresentada na Câmara dos Deputados em dezembro de 2019 e, 
devido à pandemia da Covid-19, esteve na ‘geladeira’ até maio de 2021. A
 matéria foi encaminhada para comissão especial onde teve parecer final 
reprovado pelo colegiado. Mesmo assim, o presidente da Casa, Arthur Lira
 – PP/AL, colocou a PEC em votação no plenário da Câmara onde, e devido à
 reprovação, foi engavetada.
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