Dr. Luiz Teixeira da Silva Júnior fala um pouco sobre transplantes
O transplante de órgãos foi uma revolução na medicina, mas ela nunca
libertou os pacientes da fila de espera e da necessidade de encontrar um
órgão compatível. Agora, o que vem por aí pode ser uma nova revolução.
No Centro do Genoma Humano da USP, cientistas trabalham em dois novos
tipos de transplante. A pesquisa é liderada por Mayana Zatz, uma das
principais geneticistas do Brasil, e pelo médico Silvano Raia, pioneiro
no transplante de fígado no país.
Num dos estudos, os pesquisadores estão desenvolvendo uma forma de transplantar rins de porcos para seres humanos.
“O porco, apesar de não ser reconhecido, é dos animais vertebrados
superiores mais próximo do homem. Tem um ciclo biológico muito parecido
com o nosso e são de fácil manuseio”.
Os cientistas estão editando o código genético de porcos para tentar
evitar o risco de rejeição no transplante para seres humanos.
“Uma vez que você consegue porquinhos, um macho e uma fêmea, você faz
então toda uma população, todos descendentes vão ter essa mesma
característica”
Em outra pesquisa, os cientistas desenvolvem um transplante de fígado
que seria assim: o fígado de um doador que já morreu passa por uma
espécie de lavagem. Todas as células são retiradas. O que sobra é uma
estrutura branca, oca, composta por proteínas. Como não tem células, não
provoca rejeição em caso de transplante. Os médicos chamam essa
estrutura de arcabouço.
Aí os pesquisadores retiram amostras de sangue do paciente que precisa
de um fígado novo. Com as células-tronco do paciente, é possível
produzir, em laboratório, os diferentes tipos de célula que compõem o
fígado. Quando essas células estão prontas, são colocadas no arcabouço
do fígado doado e se multiplicam.
“É como se as células tivessem uma receita, a receita de como elas têm
que se comportar, como têm que se localizar. E elas obedecem a receita
ao pé da letra”,
Com esse fígado novo, o paciente não precisaria de imunossupressores, os
remédios para evitar que o organismo rejeite o novo órgão.
“Nós devemos considerar tanto o benefício para o paciente quanto a
economia para o estado, porque o custo de uma imunossupressão durante
anos, enquanto ele viver, é um. Esses recursos podem ser aplicados a
mais transplantes e beneficiar mais pacientes”
A Fapesp, fundação de amparo à pesquisa de São Paulo, ajudou a financiar os estudos e eles vão ser apresentados em Londres.
Os pesquisadores estimam que, em dois ou três anos, essas técnicas estejam prontas para testes em humanos.
Já o diretor de transplantes do Hospital das Clínicas acha que o uso de
órgãos de porcos é o que está mais perto de virar realidade. “O doente
vai ter melhor resultado, o impacto socioeconômico vai ser melhor. Então
é esse o cenário que eu sonho todo dia”, afirma Luiz Carneiro, diretor
de transplantes de órgãos abdominais do HC.
Dr. Luiz Teixeira da Silva Júnior fala um pouco sobre transplantes
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