Mais dois ministros do STF condenam fala de filho de Bolsonaro
Mais dois ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) – Gilmar Mendes e
Marco Aurélio Mello – criticaram nesta terça-feira (23) a declaração do
deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), filho de Jair Bolsonaro,
sobre fechar a Corte com "um soldado e um cabo".
Nesta segunda (22), o presidente do STF, Dias Toffoli, e os ministros
Celso de Mello e Alexandre de Moraes já haviam criticado Eduardo
Bolsonaro pelas declarações, afirmando que são falas "golpistas" e que
representam "ataque" à democracia, por exemplo.
Numa gravação de quatro meses atrás, o filho de Bolsonaro afirma que o
STF poderia ser fechado caso houvesse impugnação (contestação) à
candidatura do pai dele. E ainda indagou: "O que que é o STF, cara? Tira
o poder da caneta de um ministro do STF, o que que ele é na rua?".
Questionados nesta terça-feira sobre o assunto, Gilmar Mendes e Marco Aurélio criticaram o filho de Bolsonaro.
Para Gilmar Mendes, a declaração de Eduardo Bolsonaro é algo
"extremamente impróprio" e "absolutamente inadequado". Ele lembrou que
nem no regime militar o STF foi fechado.
"Acho que se tratou de algo extremamente impróprio, absolutamente
inadequado. Acho que não há outro caminho para o país a não ser o
caminho da democracia e do respeito às instituições. Acho que é preciso
que isso fique bastante claro e que haja realmente esse respeito à
democracia", declarou.
Segundo o ministro, ao se falar em fechar o tribunal com um cabo e um
soldado, como fez Eduardo Bolsonaro, a Constituição já terá sido
rasgada.
"Para fechar tribunal, você precisa rasgar a Constituição. Agora, é bom
lembrar que nem os militares fecharam o Supremo Tribunal Federal. Houve
cassação, aposentadoria de três ministros em 69, mas não houve o
fechamento de tribunal", afirmou Gilmar Mendes.
Para Marco Aurélio Mello, é "ruim" não respeitar as instituições. O
ministro afirmou também que a sociedade já percebeu não haver "apatia"
por parte de instituições como a polícia, o Ministério Público e o
próprio Poder Judiciário.
"Apenas apontando que é ruim não respeitar as instituições. É um péssimo
sinal não respeitar a imprensa. [...] Acho que a ponderação é
indispensável. E saber conviver com ideais diferentes. Isso eu sei
muito. Entro com um sorriso e saio com o mesmo sorriso. E admito a
divergência. E buscar um equilíbrio. O que se quer é um equilíbrio maior
para cuidar das grandes questões. A sociedade percebeu que não há
apatia. A imprensa está atuando. A polícia também, o Ministério Público,
o Judiciário", afirmou.
O que diz Eduardo Bolsonaro
No último domingo (21), Eduardo Bolsonaro se manifestou em uma rede
social sobre o vídeo. Ele disse que somente respondeu a uma hipótese
"esdrúxula" sobre uma eventual impugnação à candidatura de Jair
Bolsonaro sem fundamento.
Ele afirmou, ainda, que jamais acreditou nessa possiblidade, mas que, se
algo parecido acontecesse, seria algo fora da normalidade democrática.
O deputado disse que citou apenas uma "brincadeira" que diz ter ouvido
na rua, acrescentando que, se foi infeliz e atingiu alguém, pede
desculpa tranquilamente e diz que não era intenção dele.
Ele disse ainda que a divulgação do vídeo não é motivo para "alarde" e
visa atingir o pai. Eduardo Bolsonaro também afirmou estar com a
consciência tranquila e que o momento é de acalmar os ânimos que,
segundo ele, são inflados propositadamente para criar uma atmosfera de
instabilidade. O deputado concluiu que, se alguém defender que o STF
precisa ser fechado, de fato, a pessoa precisa de psiquiatra.
Fonte: G1
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