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Chuva reacende esperança de produtores rurais e industriais no semiárido da Bahia: ‘Luta continua’

Fábrica que tem sisal como matéria-prima anulou previsão de paralisação das atividades com registro recente de chuva em Valente. 
Plantação de sisal foi quase dizimada com severa seca no semiárido baiano
 O nascimento da ‘cebola-brava’ entre as roças do semiárido da Bahia não iludiu os produtores rurais e industriais do município de Valente, que fica a cerca de 250 quilômetros de Salvador. A flor, que resiste e cresce no solo seco, fez valer o prenúncio de chuva e amenizou o sufoco de uma população que lida com a pior seca já registrada desde a década de 1960.

Gerente industrial da Associação de Desenvolvimento Sustentável e Solidário da Região Sisaleira (Apaeb), Juciano Oliveira diz que a chuva que tem caído em algumas cidades da região garantiu a empregabilidade e a continuidade das atividades na fábrica que tem o sisal como matéria-prima na produção de produtos que atendem aos mercados nacional e internacional.

“Tivemos chuva em alguns lugares. Agora, a gente está esperando um tempo para voltar a colheita. Daqui a uns 15 dias, a gente vai começar a receber [o sisal dos produtores]”, afirma Juciano Oliveira. A previsão otimista tem a ver com facilidade inerente ao sisal de se recuperar diante de um cenário de chuva.

A planta, que movimenta a economia local, é matéria-prima para produção de tapetes, carpetes, capachos, fios, cordas, fibras e diversos outros itens domésticos. O gerente industrial da Apaeb conta que, para além do município Valente, foi a chuva que caiu em outras cidades produtoras de sisal que garantiu a expectativa de mudança do cenário desolador provocado pela seca. “Choveu em Jacobina, João Dourado, Ourolândia, Campo Formoso”, cita alguns municípios que produzem e vendem sisal para a fábrica da Apaeb.
A Apaeb, que estava quase sem planta, vive agora a expectativa de em até nove meses reabastecer completamente os estoques. O ideal, segundo Juciano Oliveira, é que haja 100 mil kg de sisal por semana para garantir a produção e a empregabilidade. A crise que atingiu a empresa diante da seca severa provocou a demissão de 30 colaboradores e a concessão de férias coletivas para uma parcela da equipe.
Há cerca de um mês, a previsão na indústria da Apaeb era de paralisação das atividades, caso a chuva não chegasse em um período de 30 dias. O drama foi contado pelo G1 no especial “Nordeste em emergência: histórias de uma seca sem fim”, que foi publicado no último dia 2 de abril.
‘Luta continua’

O produtor rural Edílson Lima Gordino, de 54 anos, que tem roças do município de Valente, também está mais aliviado com o registro recente de chuva. “Amenizou um pouco a situação. Deu uma chuvazinha, que não faz água [concentração de água em reservas], mas o pessoal já está conseguindo trabalhar um pouquinho”, garante. A expectativa do produtor é que, depois da chuva, a plantação de sisal reaja em um período de 15 a 20 dias.

Iracema de Oliveira Nery, presidente da Apaeb, acredita que além das chuvas recentes, a proximidade do inverno deve garantir que o cenário crítico de seca não se repita, ao menos até o final deste ano. “A gente acredita que não volte a ficar como estava por um bom período, porque já estamos chegando no período de inverno. A temperatura baixa ajuda a não ficar tão seco”, afirma.

Mesmo com a chuva, o município de Valente ainda permanece na lista de 223 cidades baianas que decretaram situação de emergência por conta da seca. Ao todo, segundo a Superintendência de Proteção e Defesa Civil (Sudec), mais de quatro milhões de pessoas têm sido afetadas pelo longo período de estiagem. “Aqui é luta dia após dia. A luta continua”, garante o produtor Edílson Gordino na expectativa de melhora do cenário.

G1bahia

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